quinta-feira, 29 de abril de 2010

Gestão de banca

Este artigo poderá parecer mais complexo, mas fala de algo que é absolutamente essencial para ter sucesso nas apostas, uma boa gestão de banca. Por razões várias, que podem ir desde a disciplina até à pura ganância, quase que apostaria que a maioria dos apostadores, mesmo se tivessem nas mãos um sistema lucrativo, teriam prejuizo apenas e só por má gestão da banca.
Antes de mais, uma decisão apenas pode ser bem tomada se a informação que a sustenta for correcta e adequada. Quero com isto dizer que é preciso ter uma boa amostra de acontecimentos para retirar alguns dados estatísticos que permitam determinar correctamente quanto dinheiro vamos apostar num determinado evento. Apostar por "feeling" apenas leva a um sitio: a bancarrota. Assim, o melhor conselho que posso dar a quem se esteja a iniciar é: durante os próximos 3 meses não coloque uma única aposta! A sério, estude aquilo em que quer apostar, simule as suas apostas com preços reais (o excel é ferramenta quase essencial), e mantenha um registo correcto das suas apostas para determinar onde pode melhorar os seus resultados. Este jogo não tem fim e é essencial para ganhar. Não entre numa determinada estratégia às escuras, sem ter dados ou certeza, a menos que encare as apostas como "lazer" e não se importe de perder algum dinheiro (neste caso aconselho as mesas de 1c/2c na Pokerstars, sai mais barato do que fumar!).

Coisas que é importante saber para perceber o conteúdo do artigo:

Banca: quantidade total de dinheiro que tenho para apostar no site a usar. Por favor, jogue de forma responsável, não perca a cabeça e não use dinheiro que lhe faça falta para a vida (como o dinheiro da renda ou do infantário dos filhos!), nem peça empréstimos para jogar... 

Strike rate: é a taxa de vencedores, ou seja, o numero de vencedores a dividir pelo numero total de apostas. Se fez 100 apostas e ganhou 34, o seu strike rate é de 34% (ou seja, 0,34). Strike rates baixos são perigosos para a banca e podem facilmente levar a perder todo o dinheiro.

Stake: Valor da sua aposta, se aposta 1 euro no Benfica a odds de 1,67, a sua stake é de 1 Euro.

ROI (return on Investment): Valor que se obtém dividindo os ganhos totais pelo valor total arriscado. Se fez 100 apostas de 1 eur, a odds de 2.0 e ganhou 70 dessas apostas, ganhou 70 eur, perdeu 30, o que dá 40 euros de lucro para 100 apostas, ou seja, 40% de ROI.

Ponto ou unidade de investimento: valor base a apostar. Pode ser 1 euro, 3,26 euros, 10000 euros. Eu uso sempre como referencia 1% da minha banca.

O essencial a reter é isto: a stake que vamos usar deve depender apenas e somente do nosso Strike Rate, e deve ser ajustada de forma a minimizar as hipóteses de ir à bancarrota, maximizando os lucros. Se for muito pequena, temos um risco muito baixo de perder tudo, mas ganhamos pouco, se for muito alta, temos um risco elevado de perder tudo.
Para tomar a importante decisão de quanto apostar, precisamos de ter dados em numero suficiente para ter alguma confiança na decisão que tomarmos. O número de dados que devemos procurar também deve ser dependente do nosso Strike Rate.
Uma regra simples que uso é, antes de ter 100/(Strike Rate) dados, não aposto nada, este é o meu valor minimo de dados para analisar a amostra e tomar decisões. (Para sistemas de Laying, ou apostar contra, eu uso como referencia o Strike Rate de vencedores na mesma, embora eu queira é acertar nos perdedores, mas sobre isso haverá um artigo dedicado).

Vamos imaginar que temos uma amostra com um Strike Rate de 21.5%, e que temos 107 resultados.
Dividindo 100 por 0.215 obtemos 465 como o valor de dados que deveríamos ter, logo com apenas 107 resultados não consigo tirar conclusões válidas sobre esta amostra.

Tomemos agora como exemplo um dos sistemas que uso: Strike Rate de 23.34% numa amostra de 467 resultados. A amostra mínima seriam 428 dados, logo já estamos com uma amostra boa. O meu lucro nesta amostra foi de 48.57 pts, para um total de 467 apostas de uma unidade, ou seja, ROI de 48.57/467=10,4%.

O que faço a seguir é calcular o desvio padrão para verificar que os dados são consistentes, e para isto é muito fácil, basta usar a fórmula (que dá um intervalo de confiança de 95%):

Desvio Padrão = Raiz Quadrada ( n x p x q)

em que:
n é o numero de dados da amostra
p é o strike rate
q é 1- (strike rate)

Ou seja:
n=467
p=0,104
q=0.896

Usando o excel ou calculadora, o desvio padrão é 6.596.

Agora, usando este valor, volto à minha amostra e vejo qual o preço médio das apostas que ganhei.
Supondo 4.33, vou imaginar o pior caso possivel, ou seja, se eu tivesse ganho menos 6.596 apostas, teria ganho menos 6.596x3.33=21.96, e teria perdido as 6.6 unidades apostadas.

Assim o meu lucro seria de 48.57-21.96-6.6=20 unidades

Isto permite-me dizer que de acordo com a minha amostra e num intervalo de confiança de 95%, eu tenho 95% de certeza de ter lucro minimo de 20 unidades. Se fizesse as contas para cima, teria o valor máximo, e quanto mais dados tiver, mais certezas tenho que não encontrei um blip estatistico e que estou perante um fenómeno estatistico.

Agora imagine o mesmo numero de dados, mas com SR de 5%, o desvio padrão seria de 4.7, mas para ter lucro com este Strike Rate, o meu preço médio de vencedores teria que rondar os 25. Imagine que o preço médio dos meus vencedores era de 28, para o mesmo lucro de 48.57 unidades.
Usando o desvio padrão, 4.7x27=127, ou seja, menos 127 pontos!!!
Seria portanto provável e expectável que eu tivesse 48.57-127 ou seja um prejuizo de 78.43 pts!!!

Agora a parte mais importante, sabendo então que o desvio padrão da nossa amostra nos permite ter confiança no lucro da nossa estratégia, usamos o Strike Rate para determinar a nossa stake, ou seja, quanto vamos arriscar em cada aposta que fazemos.
Para isto o melhor é usar o excel, porque se torna fácil e intuitivo fazer as contas.
Suponhamos Strike Rate de 25%.
Temos 25% de hipóteses de ganhar uma aposta e 75% de hipóteses de a perder.
Se forem duas apostas seguidas, temos 25*25=6.25% de hipotese de acertar duas seguidas e 56% de hipóteses de errar duas seguidas.
Usando o Excel, para não ter que complicar a matemática deste artigo, temos 1% de hipóteses de perder 16 apostas seguidas. Eu arredondo sempre os valores para cima, por isso usando 20 perdedores, temos que definir qual o nosso nivel de conforto. Esta opção é muito pessoal, e depende da gestão de risco de cada um.
Temos então que decidir no pior cenário, qual a percentagem da nossa banca que teríamos perdido.
Eu pessoalmente uso 75%, mas sou muito conservador com o meu dinheiro, 50% é um valor mais que razoável.
Usando 50%, isto significa que quando perdemos 20 apostas, perdemos 50% da nossa banca, ou seja, cada aposta deve ser 50/20 = 2.5 pts.
Se fosse 75%, ao perder 20 apostas perderia 25% do total, e cada aposta deveria ser de 25/20 = 1.25 pts.

Agora a parte importante, imagine um Strike Rate de 5%, neste caso, o nível 1% ficaria nas 90 apostas, arredondando para 100, teríamos 0.5 pts por aposta. Se usássemos valores como os habituais 2pts ou 5 pts que muitos apostadores utilizam, estatisticamente estaríamos a cometer suicídio.

Esta é apenas uma forma de determinar o valor da stake, mas de forma mais metódica e cientifica do que apostar às cegas.

Haverá mais sobre diferentes formas de apostar, mas isso será descrito noutro artigo.

Fiquem com o desporto mais fantástico que existe:

domingo, 25 de abril de 2010

Como eu descobri o mundo das apostas

No final de 2005, a empresa BWin usou um marketing agressivo para se implantar com sucesso em Portugal, e foi nesta altura que eu descobri o mundo das apostas, por completo acaso.
Um amigo meu descrevia como tinha apostado a favor do Belenenses, num jogo em que a Equipa de Belém tinha ido ao dragão, e que se tivesse ganho a aposta multiplicava o dinheiro por 9 ou 10 vezes. Inocente, disse-lhe apenas, "Mas porque é que não apostaste no Porto?", afinal é muito mais provável que o Porto ganhe do que o Belenenses, não é? Se ao menos as coisas fossem assim tão simples...
Acabado o jantar, fiquei a matutar naquilo, e chegado a casa abri o site da BWin e comecei a ver qual era o retorno de apostar nas equipas "fortes" quando jogavam em casa, e se era possível ter lucro com esta estratégia simples. Aparentemente, tinha descoberto a melhor coisa desde a invenção da roda e da Bimby, e de imediato começaram a passar pela minha mente imagens de praias com palmeiras e Ferraris. Se eu soubesse no que me ia meter... O mundo das apostas tem sido o meu calvário pessoal (felizmente tive sempre o bom senso de nunca perder dinheiro nem entrar em aventuras estupidas, como se ouve falar), mas entrar no mundo das apostas foi uma pequena descida aos infernos para mim.
Abri o Excel e comecei a meter dados e a fazer simulações, e a coisa parecia ter pernas para andar. Mal sabia eu que esta estratégia é talvez das menos passíveis de ter sucesso, e aqui fica a curta explicação do porquê.
Quando cada um de nós faz uma aposta, apenas faz uma aposta, mas as casas de apostas têm que entrar em conta não apenas com as odds a que cada apostador vai apostar, mas também com o volume de apostas que vão ter que pagar, se a dita equipa favorita ganhar. Ora, em equipas como o Manchester ou Real Madrid, as casas de apostas sabem que têm que ter um "seguro", e as odds nestas equipas são normalmente e em média mais baixas do que aquilo que deviam ser, porque o volume de apostas nelas é superior.
Encare isto como a Lei da Oferta e da Procura, se há muitas pessoas a querer apostar no Real Madrid, as casas podem dar-se ao luxo de oferecer um menor retorno, porque sabem que mesmo assim haverá muitas pessoas a apostar nos "favoritos" (o mesmo se passa nos cavalos, sem tirar nem por).
A esta acção de equilibrar as odds de forma a garantirem lucro aconteça o que acontecer (sim, as casas de apostas têm lucro, e não é pouco), chama-se equilibrar o livro, ou em Inglês, "balancing the book". Do lado das casas trata-se de jogar não apenas com as odds, mas também com o volume, e de ajustar as odds de forma a garantir sempre lucro, daí as odds nos sites por vezes variarem, e nas corridas de cavalos este fenómeno é bastante visivel.
Munido então de uma estatistica rudimentar, meti algum dinheiro na Betfair (uma bolsa de apostas desportivas, que explicarei mais tarde) e durante algum tempo, tive um lucro razoável. A estratégia era muito simples, apostar em equipas fortes em casa, tendo em conta os resultados recentes, e evitando campeonatos equilibrados. Equipas a seguir eram o Galatasaray, Olimpiakos, Manchester, Bayern, etc, etc, e apostando apenas nos campeonatos nacionais.
Mais cedo do que tarde, ouve resultados desfavoráveis, e comecei a perder algum do lucro que tinha obtido, e tive o bom senso de parar enquanto estava a ganhar!!
Por esta altura, comecei a estudar Gestão de Banca (algo de FUNDAMENTAL para ganhar nas apostas, aliás, tenho a certeza que muitas pessoas não ganham dinheiro nas apostas exclusivamente por má gestão de banca), e o funcionamento dos mercados de Bolsas de Apostas (sobretudo a Betfair, o unico site que utilizo). Descobri também as corridas de cavalos, mas desaconselho vivamente alguém que se esteja a iniciar nas apostas a entrar por este caminho, e a começar por seguir (de preferência sem apostar com dinheiro, usando apenas simulações) algo que acompanhe (o futebol será o mais óbvio, mas há quem goste de ténis, ou outros desportos).
Inicialmente as corridas de cavalos eram dinheiro ainda mais fácil, porque comecei a apostar contra cavalos (de forma aleatória) e foi aqui que me comecei a aperceber que esta história das apostas era mais dificil do que parecia à primeira vista. Comecei a levar bastantes "stickadas" e o meu lucro do futebol rapidamente se evaporou (a minha "estratégia" consistia em escolher um cavalo ao calhas e apostar contra, escusado será dizer que não deu lucro...).
Inscrevi-me em alguns fóruns, e comecei a participar e a trocar ideias com outras pessoas, e comecei a olhar para as apostas (sobretudo em cavalos, deixei o futebol) de uma forma mais organizada e estruturada.
A minha banca subia e descia, sem nunca ter perdido dinheiro, mas oscilava sem conseguir ter grande vantagem. Uma das razões para a minha descida aos infernos tem a ver com questões de disciplina e motivação, que abordarei num outro artigo, mas parecia que sempre que testava uma estratégia que tinha dado resultado no passado, ela virava-se contra mim no dia em que começava a meter dinheiro a sério.
Com o tempo apercebi-me que é tudo uma questão de paciência e de testar as coisas exaustivamente, e de conseguir reprimir emoções "primárias" como o medo ou a ganância, ou seja, de encarar isto de forma "fria", e sobretudo de conseguir alhear-me do facto de estar a arriscar dinheiro. Não passa tudo de um grande jogo que tenho que vencer...
Entretanto, o poker online disparou, e quando dei por mim, estava a começar a viciar-me no jogo. Por razões profissionais e por estar algo "queimado" com as questões emocionais, que começavam inclusivé a afectar o meu relacionamento com as outras pessoas, deixei de apostar algures em 2007. Tive o bom senso de parar antes que a minha vida pessoal fosse seriamente afectada por algo que tinha deixado de ser um hobby, para se tornar uma obsessão. Perdi a conta ao numero de horas que perdi online em forums, a compilar bases de dados, a estudar estratégias...
O ano passado, por coincidencia, um amigo falou-me de um site de "bonus hunting", e comecei a fazer o "metodo dinheiro" por diversão. É uma forma de lucrar quase sem risco com os bonus de registo de novos clientes das casas de apostas, mas passado pouco tempo, a curiosidade de testar novas estratégias, com base em novos conhecimentos e ideias que adquiri por um gosto saudável por Economia (sem ter nada profissionalmente a ver com isso...), fizeram-me voltar a estudar os mercados de bolsas de apostas de corridas de cavalos, mas desta vez com um interesse quase "académico". Isto faz parte da forma como sempre encarei a matemática, como um jogo em que se eu ganhar, provo que sou mais inteligente do que quem me lançou o desafio, e é neste ponto que me encontro.
Aprendi muito, testei muita coisa, e espero com este Blog poder passar algum desse conhecimento a quem se queira iniciar nas apostas desportivas. Mas por favor, tenham em atenção que é muito dificil ganhar dinheiro de forma consistente, há milhares de pessoas com ferramentas avançadas a estudar os mercados, há manipulação e corrupção, e há sobretudo sempre que ter presente que a vida é muito mais do que uma aposta.


sexta-feira, 23 de abril de 2010

O que são as "odds"?

Se está a ler este Blog, provavelmente já colocou uma aposta numa casa de apostas ou numa bolsa de apostas desportivas (como a Betfair ou a Betdaq). Contudo, talvez tudo ainda seja algo confuso, com muitos termos novos e muita confusão na sua cabeça. Irei colocar alguns artigos neste Blog que pretendem ajudar quem se está a iniciar nas apostas a aprender os truques e, se tudo correr bem, criar uma estratégia de sucesso que permita vencer a longo prazo.

Comecemos pelo inicio, o que são probabilidades?

Segundo a Wikipedia, "a palavra probabilidade deriva do Latim probare (provar ou testar). Informalmente, provável é uma das muitas palavras utilizadas para eventos incertos ou conhecidos, sendo também substituída por algumas palavras como “sorte”, “risco”, “azar”, “incerteza”, “duvidoso”, dependendo do contexto."

Segundo um dicionário online:
probabilidade
s. f.
1. Qualidade do que é provável.improbabilidade
2. Início ou razão que deixa presumir a probabilidade de um facto.
3. Verosimilhança.


Ou seja, no mundo das apostas desportivas, não há certezas, e estamos a apostar que um evento vai acontecer, mas tal não é garantido. Por exemplo, quem irá ganhar o Campeonato do Mundo na África do Sul? É impossível dizer hoje quem o irá fazer, contudo é quase garantido que amanhã o Sol vai nascer e continuará a existir um Planeta Terra.
A probabilidade de um acontecimento, no contexto que nos interessa, é a relação entre o numero de vezes que esse acontecimento irá ocorrer, a dividir pelo número total de possíveis ocorrências.
A probabilidade de sair cara ou coroa quando eu atiro moeda ao ar é de 50%, ou seja, por cada 1000 lançamentos, é de esperar que saiam 500 caras e 500 coroas.

Para um apostador, a probabilidade de um acontecimento está directamente relacionada com o retorno do seu investimento, que se reflecte no preço (ou nas odds). Confuso? Vamos voltar ao exemplo da moeda ao ar:
Se tomarmos em conta condições semelhantes, a probabilidade de sair cara ou coroa é de 50%. Ou seja, se fosse possível apostar neste acontecimento, você quereria obter no mínimo um retorno de 50% do seu investimento para obter lucro.
Nos sites de apostas, você irá encontrar a notação "odds" como por exemplo 2.0.
Para chegar a estas odds, você divide simplesmente o total de acontecimentos (100%) pela probabilidade do acontecimento (50%), o que no exemplo que dei, daria 2.0.
Se fosse o lançamento de um dado com seis faces, teríamos então 100/16.67 = 6.0, que seriam as "odds" de sair umas das faces do dado.

A esta notação 6.0 chamam-se Odds decimais.
Quando você usa estas odds, sabe que se apostar, por exemplo, 10 euros num acontecimento com odds 6.0, irá receber 60 euros (6.0 a multiplicar pelos seus 10 euros), mas isto inclui a sua aposta inicial. Ou seja, recebe 60 euros, mas destes 60 euros, 10 euros já eram seus, pelo que o seu lucro liquido é de 50 euros! Se perder a aposta, perde apenas os 10 euros que investiu.

Há outro tipo de notação, chamada de Odds Fraccionárias (ou Fraction Odds), muito usadas nas corridas de cavalos em Inglaterra (que são os mercados onde eu aposto). Neste caso, você teria por exemplo 5/1.
As Odds fraccionárias indicam apenas o lucro a obter, mas não entram em conta com a sua aposta inicial, embora ela também seja devolvida, ou seja, se investir 10 euros, recebe 50 euros de lucro, mais a sua aposta inicial.

Assim, dizer que um acontecimento tem Odds de 6.0 (decimal) ou 5/1 (fracção) é exactamente a mesma coisa, e em ambos os casos, se você investir 10 euros, recebe de lucro 60 euros, mas as odds fraccionárias apenas indicam o lucro (embora o seu investimento seja devolvido na mesma!)


As Odds decimais têm a vantagem de ser mais intuitivas e de ser imediato descobrir qual a probabilidade de um acontecimento, basta dividir 100 pelas Odds decimais. Assim, odds de 2.0 indicam algo com 50% de hipótese de acontecer, odds de 20.0 indicam algo com 5% de probabilidade.

Para acalmar o cérebro, fica um video de musica e a promessa que vai haver mais posts:



quarta-feira, 21 de abril de 2010

Andrew Wiles - o homem que provou o ultimo teorema de Fermat

Medo e ganância

O Valor de uma aposta

Este Blog pertence a alguém com um gosto especial pela matemática e pelos mercados de apostas desportivas. Os artigos colocados pretendem ajudar quem se esteja a iniciar neste mundo a perceber os mecanismos dos mercados e sobretudo que ganhar dinheiro consistentemente apostando é muito dificil e requer enorme disciplina e trabalho.
Fica o primeiro artigo.


O “Valor” de uma aposta

No mundo das apostas há uma realidade a que não se consegue fugir, se não se fizerem apostas com “valor”, não se consegue lucro a longo prazo. Podemos ganhar durante alguns dias, por vezes até semanas, mas se não encontrarmos uma vantagem, iremos acabar por perder.

Para melhor perceber esta noção, imaginemos dois amigos, Pedro e João a atirar uma moeda ao ar várias vezes (por exagero vamos imaginar 1000 vezes). A probabilidade de sair cara ou coroa é de 50% (a moeda é verdadeira e não há truques!).

Agora, imagine que o João diz ao Pedro:

    “Eu aposto que vai sair cara, e se perder pago-te 55 cêntimos, se ganhar pagas-me 45 cêntimos”

Este negócio é altamente vantajoso para o Pedro, porque vejamos:
Ao fim de 1000 vezes, esperaríamos ter saído 500 caras e 500 coroas, pelo que o Pedro iria receber 500*55 e pagar 500*45, para um lucro final de 5000 cêntimos (ok, 50 Euros)

Ou seja, por cada uma das mil apostas o Pedro tinha ganho 5 cêntimos. Mas repare que o Pedro tinha que arriscar perder 45 para ganhar 55, pelo que nas 1000 apostas o Pedro arriscou 45000 cêntimos, para ter um lucro de 5000.

Dividindo 5000 por 45000 obtemos 0.1111, ou seja, 11.11%.

Por cada unidade apostada (seja 1 euro, 10 euros, ou 100 euros), o Pedro está à espera de ganhar 11.11% do valor que arriscar. Como arrisca 45, espera ganhar 5 cêntimos por cada vez que a moeda é atirada ao ar. Ou seja, o Pedro está a apostar com “valor” (no poker isto é referido como +EV, ou “Expected Value” positivo). O João, pelo contrário, está a apostar sem “valor”, porque a longo prazo está condenado a perder.

Agora vamos dar um passo de lógica mais complicado e que a maioria das pessoas não percebe.

Imagine que em vez de atirar a moeda ao ar 1000 vezes, apenas tinham atirado 10 vezes, e que o João tinha ganho 7 e o Pedro 3.

O lucro final do João seria de 7*45-3*55=315-165=+150 cêntimos, valor que o Pedro teria perdido.

O Pedro não poderia estar a apostar com valor, pois não? Afinal perdeu dinheiro!

Bem, na realidade, o Pedro tomou a decisão correcta, porque a sua aposta tinha +EV, no entanto, numa amostra pequena, perdeu. A longo prazo, no entanto, o Pedro iria acabar por ganhar.

Daqui podemos retirar algumas coisas muito importantes:

1. O lucro ou prejuízo de uma pequena amostra são irrelevantes e nunca se devem tomar decisões baseadas em poucos acontecimentos

2. É necessário estudar um numero grande de acontecimentos para poder tomar decisões com “valor” de forma correcta

3. Mesmo quando estamos a perder, se soubermos que as apostas que estamos a fazer têm valor, temos que manter a calma e disciplina e continuar a apostar (mas é preciso ter grandes garantias que a aposta tem mesmo valor!!!). Só como exemplo, numa amostra de 1000 moedas ao ar, é muito provável que haja uma sequência de 10 caras ou coroas seguidas, imagine ver essa sequência e basear as suas decisões nessa “anomalia estatística”, se acha que isto é impossivel, olhe que “elas andam aí”!

Para melhor perceber a noção de Valor, um bom exemplo é de um jogo de futebol. Imagine que o Manchester Utd, com todas as suas estrelas, a 1 ponto do líder do campeonato, que empatou ontem, joga em casa com o penúltimo classificado. As hipóteses de ganhar do Manchester são enormes, mas quanto?

Imaginemos que, segundo os nossos cálculos, o Manchester tinha 75% de hipóteses de ganhar a corrida. Dividindo 100 por 75 obtemos 1.33, que são as “Odds” para o jogo.

Estas Odds significam que se apostarmos 100 Eur no jogo, e o Manchester ganhar, recebemos 33 Euros. Se perdermos a aposta (se o Manchester perder ou empatar), perdemos 100 Euros.

Agora imaginemos que as Odds disponíveis na Betfair eram de 1.65, era uma excelente aposta! Isto porque o nosso lucro esperado nesta aposta era de 1.65-1.33=0.32 (ao que teríamos que retirar 5% de comissão, mas vamos manter as contas simples por agora).

Fazer esta aposta era excelente “valor”, porque estávamos a ober um retorno maior do que o esperado pela real probabilidade do acontecimento.

Agora imagine que as Odds na Betfair eram de 1.2, péssimo valor e seria de esperar que a longo prazo, ao fazer apostas destas, você perdesse dinheiro (e bastante e é por apostar a favor dos favoritos que a maioria dos apostadores perde dinheiro, mas sobre isso falaremos depois). Mesmo que o Manchester ganhasse o jogo, a sua aposta teria mau “valor” e não devia ser feita. Fazer uma aposta a Odds inferiores às reais hipóteses do acontecimento é o erro mais comum que as pessoas fazem ao apostar.

Seja porque gostam de apostar na sua equipa (os adeptos do Benfica devem ter perdido milhões nos ultimos dez anos!!), seja porque querem meter “só mais uma aposta”, apostar sem ter em conta o “valor” da aposta que estamos a fazer equivale a perder dinheiro. Nas apostas não se ganha por “sorte”, ganha-se colocando as odds do nosso lado.

Final da Champions League 2005, ao intervalo o Milan estava a ganhar 3-0. Se quisesse apostar que o Milan ia ganhar, por cada 100 Eur ganharia 1 Eur (as odds eram 1.01 para o Milan). Na realidade estas odds eram péssimo valor, embora fosse practicamente impossível prevê-lo. Quem olhasse para as odds a 1.01 acharia que era absolutamente impossível que o Liverpool ganhasse. No entanto, o jogo acabou 3-3 e o Liverpool ganhou nos penalties.

Situação inversa, sabe aqueles cavalos na Betfair com odds a 100 e tal? Esses também ganham!
Resumindo, não há eventos bons ou maus, nem certezas absolutas, o que interessa é a relação entre as odds e a probabilidade real do acontecimento, ou seja, o principal factor que devemos considerar ao apostar é se estamos a apostar a um bom preço e a obter “Valor”.

Os apostadores costumam confundir isto com o facto de um acontecimento ser pouco ou muito provável, ou seja, se é bastante provável, tenho mais hipóteses de ganhar dinheiro. Pense em Futebol, quantas vezes na nossa Liga é que as equipas ganham fora de casa? Faça uma estimativa na sua cabeça. Agora imagine que seria possível apostar em todas as jornadas com odds de 200 a favor de cada uma das equipas que joga fora. Era bom não era? Se percebeu este exemplo, está a começar a perceber a mecânica daquilo que deve procurar nas apostas.

A grande dificuldade de tudo isto está em calcular as probabilidades reais e em consegui-lo fazê-lo de forma mais precisa do que os outros milhares de utilizadores da Betfair. Uma coisa é certa, é bastante dificil, mas sobre isso falaremos mais tarde…